quarta-feira, 1 de agosto de 2012

SERTÃO CENTRAL Hospital Maternidade pode fechar

Mães do Sertão Central estão com medo de não ter mais onde tratar seus filhos em hospital que é referência.

Quixadá. A única emergência pediátrica da maior cidade do Centro do Estado pode fechar. A direção do Hospital Maternidade Jesus Maria José (HMJMJ), onde a assistência é prestada a vários moradores, não tem mais como manter o serviço. Será desativado até o fim do mês, por falta de recursos.


A emergência pediátrica do Hospital Maternidade Jesus Maria José atende diariamente dezenas de crianças de dez Municípios do centro do Estado. Será desativado até o fim do mês, por falta de recursos FOTO: ALEX PIMENTEL

Conforme o diretor geral do HMJMJ, Maciano Silva, as dívidas acumuladas nos últimos anos são superiores a R$ 2,3 milhões. A situação é de calamidade. Além de Quixadá, famílias carentes de outros nove Municípios da região serão prejudicadas. A assistência nesses casos de urgência mais próxima está situada na Capital, a 160Km de Quixadá, explica o diretor.

Conforme o administrador, o setor de pediatria emergencial do HMJMJ precisa de pelo menos R$ 100 mil mensais para continuar atendendo a crianças da área central do Estado.

Alternativas

Existem duas alternativas para evitar o colapso. Uma delas é a regularização do repasse mensal de R$ 5 mil prometidos pelas prefeituras de Banabuiú, Choró, Ibaretama, Ibicuitinga, Quixadá, Quixeramobim, Milhã, Pedra Branca, Senador Pompeu e Solonópole. A outra é a inclusão imediata do Sertão Central na Rede de Urgência e Emergência do Estado.

Todavia, justifica Maciano Silva, existem obstáculos. No primeiro caso, as prefeituras alegam impossibilidade de prestarem o auxílio econômico, pois são proibidas legalmente. Mas, devem discutir numa reunião marcada para amanhã, no gabinete do prefeito de Quixadá, Rômulo Carneiro, como será possível assegurar o suporte financeiro para manter os atendimentos. Quanto à outra situação, dos recursos da Rede de Urgência e Emergência disponibilizados pelo Ministério da Saúde, pelo Governo do Estado, o Sertão Central não foi incluído. Apenas o Cariri e Sobral entraram na lista, alega o diretor.

A Secretaria da Saúde do Estado do Ceara (Sesa) contesta a informação do representante do HMJMJ. Segundo a Sesa, todos os Municípios do Ceará foram incluídos no Plano de Ação da Rede de Atenção as Urgências do Ceará. Entretanto, está sendo realizado por etapas.

A primeira delas atenderá a Capital e outros 27 Municípios mais próximos. Fortaleza acaba de ter assegurados recursos de R$ 151 milhões. O Ceará foi o Estado brasileiro com o maior número de cidades contempladas porque apresentou o maior número de informações para o Ministério da Saúde. Nenhuma região foi esquecida. No Sertão Central, o HMJMJ está na relação de hospitais polo do Estado.

Repasse de verba

Ainda de acordo com a Sesa, o Governo do Estado faz o repasse mensal de R$ 5,3 milhões para 32 hospitais polos, 30 deles localizados no Interior. Todo o recurso é destinado aos serviços de urgência e emergência. O Hospital Maternidade de Quixadá é um deles. Recebe, mensalmente, R$ 180 mil. Os recursos são do Governo do Estado. Além da pediatria, a verba é destinada a neonatologia, gíneco-obstetrícia e cirurgia geral.

Sobre as prefeituras, a representante do Núcleo Técnico da Saúde da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Edna de Oliveira, observou realmente haver inconstitucionalidade, como empecilho para o repasse à unidade filantrópica de saúde. Na oportunidade, a técnica apontou a necessidade do contato direto com os gestores municipais da região. Até o encerramento desta edição, nenhum prefeito e secretários de Saúde haviam sido localizados. Titulares de outras pastas e assessores afirmaram desconhecer o problema. Preferiram não se manifestar a respeito.

A agricultora Maria Aparecida Silva levou um susto ao receber a notícia do fechamento da emergência pediátrica. Ela chegou ao Hospital Maternidade com um filho de 11 meses nos braços, a criança estava com febre alta. A mãe disse ter sido orientada a seguir de Solonópole até a unidade hospitalar. Mãe de outros seis filhos, não tem recursos para pagar consulta particular onde mora. Quando surge uma urgência, o jeito é correr para Quixadá. Para ela, fechar as portas para a assistência de emergência das crianças é praticamente decretar a sentença de morte para os filhos de muitas mães pobres do Sertão Central.

Demanda

1,8 mil crianças são atendidas mensalmente na emergência pediátrica do Hospital Municipal Jesus, Maria, José, unidade referência no Sertão Central.

Mais informações:
Hospital Maternidade
Jesus Maria José
Av. Francisco Almeida Pinheiro 2268 - Quixadá
Telefone: (88) 3412.0681
contato@hmjmj.com.br

ALEX PIMENTEL
COLABORADOR Leia matéria completa no diário do nordeste.

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