O quadro é considerado preocupante quando o reservatório acumula água entre10% e 30%, como está a maioria.
Iguatu
O Ceará acumula neste mês uma média de 35,75% de água em 144 açudes
monitorados em 12 bacias hidrográficas pela Companhia de Gestão de
Recursos Hídricos (Cogerh). Do total, 94 reservatórios (65,2%)
apresentam volume inferior a 30%. Em outubro de 2012, eram 43 açudes
nesta situação. O quadro atual é considerado muito crítico e
preocupante. O perfil mais grave é a Bacia dos Sertões de Crateús que
está com um índice atual de 5,52%, considerado como muito crítico.
Há
um mês, a reserva hídrica do Estado era de 38,4%. A tendência para os
próximos três meses é de perda do volume acumulado em decorrência do
consumo e da evaporação, em torno de 3% ao mês. O monitoramento das
bacias hidrográficas é acompanhado mensalmente por técnicos da Cogerh e
avaliado pelo governo do Estado. A redução do volume armazenado traz
preocupação para as autoridades e para os moradores do Interior.
O
acesso à água potável torna-se cada vez mais difícil para milhares de
famílias de cidades e de áreas rurais. Depois de anos seguidos de seca e
de perda de volume de água nos açudes, os olhos do sertanejo estão
voltados para o céu e o coração para Deus, em preces cada vez mais
constantes para que em 2014 ocorra um bom inverno e recarga dos
reservatórios com intensas chuvas.
De acordo com monitoramento da
Cogerh, a atual situação da Bacia dos Sertões de Crateús é considerada
muito crítica. Nos últimos dois anos, sempre permaneceu em situação de
alerta e nesse período não houve recarga. O quadro é considerado crítico
quando o reservatório acumula entre 10% e 30%. É o que ocorre com a
Bacia do Banabuiú (28,14%), Baixo Jaguaribe (12,82), Curu (11,03%) e
Litoral (26,40%).
Prognóstico - A situação é
de alerta na Bacia do Médio Jaguaribe (41,46%), Bacia do Acaraú
(31,12%), Bacia Metropolitana (30,64%) e Coreaú (32,14%). Apenas duas
bacias apresentam perfil confortável: Bacia da Serra da Ibiapaba
(50,16%) e do Alto Jaguaribe (49,9%), quando ao volume hídrico
armazenado. Nos últimos dez anos, desde 2004, a Bacia do Salgado, no Sul
do Estado, na região do Cariri cearense sempre apresentou um status de
"confortável", mas neste ano perdeu água e passou a ser considerada
crítica.
A Funceme vai divulgar o primeiro boletim com
prognóstico para a quadra invernosa (fevereiro a maio) em fins de
janeiro de 2014, após avaliação de vários fatores climáticos,
temperatura dos oceanos Pacífico e Atlântico e troca de informações com
outros centros meteorológicos.
Entretanto, a novidade é que deve
ser divulgado em novembro próximo um prognóstico parcial para
pré-estação chuvosa (dezembro e janeiro).
O Centro de Previsão do
Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), divulgou em setembro passado prognóstico para o
trimestre de outubro a dezembro com chuva dentro da normalidade para a
região Nordeste. Nos próximos dias deve anunciar previsão para o
primeiro trimestre de 2014.
Mediante a perda de volume dos
açudes, a Cogerh promove periodicamente reunião de avaliação de alocação
de água negociada com os integrantes das bacias hidrográficas. O
objetivo é avaliar a situação atual e a demanda para definir se mantém o
volume de liberação de água acordado na última reunião ou se amplia ou
mesmo reduz. São centenas de sistemas no Ceará e cada um segue
calendário e vazão específicos.
Perdas - Segundo
a Funceme, a quadra invernosa de 2013 ficou 37% abaixo da média
histórica. Tendo como base o início deste ano, todas as bacias
hidrográficas registraram perda de água armazenada. A Bacia dos Sertões
de Crateús acumulava em média 13,76% e agora caiu para 5,52%. A do Alto
Jaguaribe despencou de 65% para 25%. A Bacia do Curu reduziu de 21% para
11%. A Bacia do Salgado registrou redução de 33% para 25%.
O
maior volume acumulado no fim da estação chuvosa (maio) de 2012 era na
Bacia da Serra da Ibiapaba com 86%, seguida do Alto Jaguaribe com 85%.
Os dados mostram que na Bacia dos Sertões de Crateús houve uma redução
de 33% para 5% entre maio do ano passado e outubro de 2013.
No
período de 2005 a 2011, o Ceará vivenciou uma situação confortável com
volume acumulado acima de 70% nos reservatórios monitorados pela Cogerh.
Em 2011, chegou a 85% em média, entretanto, atualmente está com 35,75%.
Dos
dez reservatórios que integram a Bacia dos Sertões de Crateús, o açude
Sucesso secou totalmente e outros estão com volume inferior a 5%. São
eles: Em Independência - Cupim (0,41%) e Jaburu II (1,69%); Colina em
Quiterianopólis (2,71%), e Carnaúbal em Crateús (2,80%).
Açudes
estratégicos para o Estado que asseguram o abastecimento de várias
cidades e perenização de rios são acompanhados com maior atenção. O
Castanhão, o maior do Estado, que realimenta o sistema da Região
Metropolitana de Fortaleza e o Baixo Jaguaribe, está com volume de
44,67%; na Bacia do Alto Jaguaribe, o Orós, o segundo maior do Ceará,
acumula 55,96%; e o Arneiroz II tem apenas 25%.
A situação mais
confortável é do Açude Gavião, em Pacatuba, na Região Metropolitana de
Fortaleza, que acumula 92% de sua capacidade. O Açude Quixeramobim
apresenta 73% do volume e o Banabuiú com 31,62%, no Sertão Central.
No
município de Tauá, na Bacia do Alto Jaguaribe, o Açude Forquilha II
secou e o Favelas apresenta apenas 15% de seu volume. A situação é muito
crítica nos dois principais reservatórios: Várzea do Boi (1,54%) e
Trici (1,73%). O Açude Trussu que abastece a cidade de Iguatu, uma das
dez maiores do Interior, está com 64%. Em Campos Sales, o Açude Poço da
Pedra tem 9,81% e a população vem enfrentando dificuldade de
abastecimento de água.
Na cidade de Acopiara, o Açude Quincoé
secou e a população também enfrenta racionamento de água. A única
alternativa é a construção de uma adutora de emergência a partir do
Açude Trussu em Iguatu. A obra está em andamento e é feita em ritmo de
urgência. O açude Lima Campos, um dos mais antigos do Ceará, construído
em 1932, e que abastece a cidade de Icó está com um volume de 57%.
A
Cagece informa que das 251 localidades operadas pela empresa, com
abastecimento hídrico, cerca de 20 estão sofrendo por falta de água
devido ao período de estiagem.
Mais informações:
Cogerh - Fone: (85) 3218. 7024
Funceme -Fone: (85) 31010. 1117 Fortaleza
Honório Barbosa Repórter DN.
Açude Sousa chega a "volume morto"
Canindé A principal fonte de abastecimento de água neste município, o Açude Sousa, com capacidade para 30,8 milhões de metros cúbicos, está desde o dia 18 passado com o seu bombeamento suspenso. O colapso na cidade tem sido evitado, com a oferta do Açude São Mateus, mas que também já com nível crítico de reserva hídrica. Há tempos que a comunidade local já reclamava da qualidade da água do Açude Sousa.
Canindé A principal fonte de abastecimento de água neste município, o Açude Sousa, com capacidade para 30,8 milhões de metros cúbicos, está desde o dia 18 passado com o seu bombeamento suspenso. O colapso na cidade tem sido evitado, com a oferta do Açude São Mateus, mas que também já com nível crítico de reserva hídrica. Há tempos que a comunidade local já reclamava da qualidade da água do Açude Sousa.
Açude
Sousa é a principal fonte de abastecimento de Canindé. A água já se
encontra distante de seu volume cheio e mais parece um deserto FOTO: A.
C. ALVES
Ao invés de ser transparente, a cor se apresentava
verde e com mau cheiro constante. A maioria dos moradores, tanto das
proximidades do reservatório quanto na sede de Canindé, estava evitando o
produto para beber.
"Pela manhã, a gente tem que encher tudo que
é vasilha para garantir água. Mesmo com o esforço do Serviço Autônomo
de Água e Esgoto (SAAE). É muito triste a situação da cidade, que
enfrenta um racionamento alternado para não gerar conflitos´´, informou o
estudante Francisco Martins dos Santos.
A reportagem esteve no
reservatório e pode constatar que é possível ainda caminhar dentro do
açude sem que o nível da água fique acima do joelho.
A situação
precária do açude e, consequentemente, dos moradores é confirmada pelo
agricultor Walter Porfírio, 25 anos, que tenta tirar o resto do peixe
existente em partes que ainda têm água. Com a qualidade da água bastante
comprometida, é impossível manter o abastecimento para a população.
"Passamos
a gastar muito dinheiro comprando água para beber, já que a água do
açude está ruim", salienta. Para ele, que mora perto do reservatório
construído pelo Governo do Estado, nunca mais foi possível ver o açude
sangrar, em decorrência do baixo volume.
Sofrimento - "Vai
ser complicado se a gente ficar sem água. Espero que chova logo e
melhore nossa vida. Todos os moradores precisam do açude e de água
limpa", diz.
De acordo com Walter, é um sofrimento ter que pegar
água todos os dias nos poços que foram instalados pela Prefeitura de
Canindé. Na companhia do filho, ele pega água em um dessalinizador no
bairro da Palestina que fica próximo ao segundo maior açude da cidade, o
São Matheus que também encontra-se com sua capacidade reduzida.
Baldes
são utilizados na tentativa de armazenar a água para o consumo da
família. "O Presidente do SAAE Nelson Bandeira disse que todos os
esforços estão concentrados na campanha de racionamento do consumo. "A
água que a gente tem aqui vai para a sede de forma tratada e não coloca
em risco a saúde dos habitantes". A nossa água passa por um tratamento
rotineiro e sai dos açudes direto para a estação de tratamento, e,
depois vai para as nossas casas", diz.
Se o problema persistir e
não chover nos próximos meses no município, há uma adutora instalada em
fase de experiência saindo do açude escuridão para a ETA instalada no
bairro do Monte, garantindo assim possibilidade de atender a demanda até
a chegada do próximo inverno.
Emergência - "Enviamos
documentos esclarecendo nossa situação aos departamentos responsáveis.
Estamos esperando uma ação emergencial para a construção de mais poços
na cidade", diz o prefeito Celso Crisóstomo.
Conforme ele, os
investimentos para melhorar a qualidade da água aumentaram. Mesmo assim,
a população ainda continua com problemas principalmente nas partes mais
altas.
Segundo o Presidente do SAAE, já foram perfurados poços
nos bairros de Santa Luiza, Canindezinho, Palestina, Campinas, Capitão
Pedro Sampaio, Largo Orebe, todos eles dotados de estrutura para lançar a
água na rede de distribuição já tratada´´.
Antônio Carlos Alves - Repórter DN.
Via BlogDeBanabuiu.
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