Combinação de chuva e calor é ideal para Aedes aegypti. Dengue e chikungunya já causaram três mortes neste ano.
As chuvas intermitentes registradas no Ceará desde o início de março não causam preocupações apenas para os recursos hídricos e abastecimento de água, elas, associadas aos períodos de calor, são cenários ideias para um vilão bem conhecido: o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela urbana. Por isso, frisam especialistas da área de saúde, o momento é de alerta geral. De acordo com os mais recentes boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS), três pessoas morreram na Capital em virtude dessas doenças - duas de dengue e outra de chikungunya.
"Os meses mais críticos do ano para essas arboviroses, abril e maio, estão chegando e precisamos redobrar os cuidados de prevenção", reafirma o coordenador da Vigilância em Saúde da SMS, Nélio Moraes. Quando a chuva aumenta, explica, os criadouros se multiplicam e quando a temperatura sobe, a velocidade do desenvolvimento do mosquito é maior, sua proliferação fica mais rápida e, por isso, não podemos confiar que tudo está bem. "Essas condições de agora, com poucas chuvas e calor, são perfeitas para o vetor", salienta.
Na visão de infectologistas, como o Anastácio Queiroz, a dengue é a mais mortal das três doenças. O chikungunya tem maior morbidade porque as dores nas juntas podem persistir por meses e até anos, evoluindo para a forma crônica, o que pode acontecer em até 30% dos casos. Já a zika é mais perigosa para as gestantes, pelo perigo da microcefalia. No entanto, aponta, é preciso conscientizar a população sobre a importância da prevenção. "Sem isso, é quase impossível vencer o mosquito", argumenta.
De acordo com Nélio, mesmo com a redução no número de casos em Fortaleza no início desse ano, o Aedes aegypti continua presente em todo o território cearense e não se deve baixar a guarda. A atualização semanal das doenças de notificação compulsória mais recente da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), o Ceará registrou entre janeiro e 9 de março, 416 casos confirmados de dengue, com três mortes, sendo duas em Fortaleza e outra em Solonópole; outros 231 confirmações da chikungunya, com um óbito, e três de zika. Somente em Fortaleza, segundo dados da SMS, são 221ocorrências positivas de dengue e outras 186 de chikungunya. Entre os bairros com maior número de casos das duas arboviroses estão o Cristo Redentor, Barra do Ceará, Conjunto Ceará, Parque Genibaú, Bom Sucesso, Mondubim e Carlito Pamplona.
Para Nélio Moraes, a prevenção é a melhor forma de combate. Por essa razão, a Prefeitura iniciou uma série de mutirões tanto para conscientizar a população quanto para acabar com os criadouros. Neste ano, as ações já foram realizadas no bairro Jangurussu, Bom Jardim e Mondubim. A escolha desses locais seguiu critérios epidemiológicos e entomológicos, onde foi identificado, nos últimos cinco anos, maior carga de transmissão. No último bairro, por exemplo, foram registrados em 2017, 397 casos de dengue, enquanto que 1.524 pessoas foram acometidas pela chikungunya.
Já no Grande Jangurussu que possui uma área com cerca de 96 mil habitantes e é uma região que apresentou números significativos das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti nos últimos anos. Em 2017, foram confirmados 424 casos de dengue e 591 de chikungunya. Neste ano, a área já possui 68 casos notificados da primeira e três da segunda. Ainda de acordo com a SMS, o Bom Jardim é um bairro que também apresentou números preocupantes das três arboviroses. Ali, foram confirmados 652 casos de dengue e 3.1 mil de chikungunya em 2017.
Tratamento - Nos mutirões, os agentes desenvolvem ações de tratamento focal, de controle químico e de mobilização, além de educação nas casas dos moradores, fazendo a identificação e a eliminação de criadouros, como também a aplicação de larvicidas; realizando a aspersão de inseticidas por meio das bombas costais; e buscando sensibilizar a população sobre a importância de cada pessoa cuidar do seu espaço. Além disso, é realizada uma intensificação das brigadas de combate ao Aedes e do trabalho educativo, através de orientações, distribuição de materiais informativos e fixação de cartazes.
Reportagem de Leda Gonçalves - Repórter Diário do Nordeste.
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