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quinta-feira, 26 de março de 2020

Tudo começou no mela mela de Solonopole, Wallas Arrais foi um dos cantores no Carnaval de Aracati

Apesar do cansaço, o artista não disfarça a felicidade com o retorno do foliões durante sua participação no Carnaval da cidade.
Avenida lotada em Aracati para acompanhar o trio elétrico comandado por Wallas Arrais durante o Carnaval. Foto: Natinho Rodrigues.
Do alto das casas em camarotes improvisados, no corredor dos trios elétricos no município de Aracati, o público gritava o nome dele. Wallas Arrais, natural de Iguatu, com apenas dois anos participando do Carnaval dos aracatienses, tornou-se um dos nomes mais aclamados por turistas e moradores da cidade. A rotina de Wallas em períodos de festa é um recorte dos dias de correria de artistas consagrados ou em ascensão.

A primeira vez que ele cantou no evento, e em cima de um trio, foi a convite de Gabriel Diniz no Município — durante o auge da carreira do forrozeiro em 2018. Quem pensa que ser cantor de forró em 2020 é fácil se engana. O mundo de luxo, viagens, carros e restaurantes caros vai de encontro ao mau sono, dormidas no chão de aeroportos, alimentação irregular, entre outros pontos de impacto.

Depois de quase três horas de apresentação, ao fim das duas voltas no corredor da Avenida Coronel Pompeu, o suor tomou conta do corpo. Foto: Natinho Rodrigues.
A ascensão que todos esperam demora. Wallas Arrais, por exemplo, realizou três shows em um único dia de Carnaval. Após apresentação no estado do Maranhão, o cearense precisou passar horas em um terminal de embarque para conseguir voar com a banda.

No início da carreira, a agenda de 15 a 30 shows em eventos como Carnaval ou São João chega a ser normal. É um momento de vitrine para quem ganha a vida com a voz. Baseado em nomes nacionais, o roteiro cheio nos primeiros anos da carreira é um bom sinal. Wesley Safadão e Xand Avião, por exemplo, cantores que lideram o mercado musical de forró na atualidade, começaram a trajetória na música dessa forma. Hoje, eles contam com a possibilidade de cantar com cachês maiores e em menos cidades. 

Na agenda de shows de Wallas Arrais, as três apresentações em uma noite foram nas cidades de Aquiraz (Porto das Dunas), Aracati e Beberibe, respectivamente. Apesar do cansaço físico, os foliões encontraram o cearense no maior pique. Na porta do trio elétrico Oxigênio, momentos antes de começar o percurso carnavalesco, fãs clube lutavam para conseguir uma foto junto ao ídolo. Meninas pediam para que membros da banda avisassem da presença delas ali. O olhar e o aceno, mesmo que breve, acalantou quem aguardava de forma ansiosa qualquer contato. 

Para aguentar a maratona, a preparação física começou em janeiro. Wallas Arrais saiu do 78k para 76k. Ele tinha 21% de gordura e derrubou para 8% com a reeducação alimentar aliada à rotina de atividades físicas diárias. 

Durante o Carnaval, com o corpo definido, a alimentação no camarim leva frutas variadas, além de arroz integral, frango e batata-doce. Com o resultado positivo da dieta, ele também liberou bolos e pizzas no cardápio. “Quando estou focado mesmo, eu faço duas horas de academia, mas como agora, graças a Deus, atingi meu corpo ideal, estou fugindo um pouco das regras. Como de tudo. Estou sendo feliz, não que não fosse, mas comer é bom”, brincou. 

Trajetória - O primeiro Carnaval que Wallas Arrais tem lembrança foi trabalhando. Aos 11 anos de idade, com direito ao tradicional mela-mela cearense, na cidade de Solonópole, ele realizou uma apresentação com uma banda da cidade. Na época, ainda não cantava. Ganhava a vida tocando teclado. O reflexo do passado chegou em 2020. Durante a apresentação em Aracati, por exemplo, ele tocou teclado para uma música dos sertanejos Jorge e Mateus. Ele também tira notas na guitarra durante os shows. 

O som da sanfona, triângulo e zabumba, Santíssima Trindade do forró, é presente durante apresentações carnavalescas de Wallas Arrais. No período momino, a banda do cantor leva as músicas na cadência do axé, o que requer uma maior velocidade nos arranjos, além de novos sons. “A gente monta um repertório bem no início do ano. Coloca mais dois percursionistas, pois o axé pede isso. Não é complicado se tiver ensaios”. 

No setlist de Carnaval, dependendo do tempo de show, Wallas Arrais canta mais de 70 músicas. Em Aracati, para aguentar a pressão, ele bebeu cerca de 10 garrafas de água em cima do trio elétrico. Clássicos de Chiclete com Banana e Banda Eva dividiram espaço com músicas presentes nas playlists de aplicativos de streaming como “Tudo Ok”, “Hit contagiante” e “Chapuletei”. Sim, em determinado momento o cansaço chega. Em “Minha Pequena Eva”, foi notável o cearense tomando fôlego entre uma estrofe e outra para alcançar notas mais altas. Quem estava no corredor da folia só ouviu o doce som da voz do forrozeiro.

Correria - Depois de quase três horas de apresentação, ao fim das duas voltas no corredor da Avenida Coronel Pompeu, o suor tomou conta do corpo. Em entrevista no camarim do trio elétrico, o cearense irradiava calor. Uma garrafa com água e um prato de mamão sustentaram ele após o show em Aracati. O bate-papo foi rápido. O horário da apresentação em Beberibe batia à porta.

Cantor cearense nos bastidores, entre cuidados com a alimentação e os últimos retoques no penteado. Foto: Natinho Rodrigues
Ao descer do trio, os fãs caíram em cima. Pedidos de fotos e abraços foram correspondidos. Um aperto de mão forte foi o suficiente para alguns fãs que correram até a porta de saída do trio elétrico. 

Wallas Arrais, por sua vez, afirma não acreditar o que vem vivendo em cinco anos de carreira. “Nem eu mesmo acreditava que estaria aqui. Sonhar todo mundo sonha. Às vezes, a vida dá um passo e muda todo o cenário. Você se pergunta: ‘Foi isso que planejei?’. Chegar onde cheguei, com tão pouco tempo em carreira solo, é uma vitória”, comemora.

Dias de cansaço, mas muita alegria de quem tem como missão levar felicidade a milhares de pessoas. É assim a rotina de cantores espalhados por palcos e trios elétricos Nordeste afora.
Por João Lima Neto, joao.lima@svm.com.br

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