O drama se repete com a falta de chuva em 2012. Os açudes estão em níveis críticos e a safra foi quase 100% perdida.
Quando a equipe do Diário do Nordeste
visitou, em abril deste ano, nove municípios do semiárido cearense, a
situação já era desesperadora. Sete meses depois, a reportagem refez o
caminho pelo sertão cearenses e reencontrou os personagens do drama da
falta de chuva neste ano no Estado, que já se transformou em uma das
seis piores secas das últimas cinco décadas.
A fauna silvestre ainda resiste num ambiente desolado pela seca Foto: Waleska Santiago
A
expectativa em abril, por parte da Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos (Funceme), era otimista, mas a estiagem se agravou. A
média histórica, que é de 710,4 milímetros, compreendida no período de
janeiro a maio, em 2012 foi apenas de 352,1 o que significou uma redução
de 50,4 % nas chuvas. Entre o dia 1º de janeiro até 30 de novembro
deste ano choveu apenas 430,3 em todo o Estado contra 908,8 milímetros
da média histórica para esse mesmo período, representando um decréscimo
de 52,7 %.
De acordo com a meteorologista Cláudia Rickes, o ano
de 2012 foi "bem difícil" devido à má distribuição temporal e espacial.
As regiões mais afetadas foram o Sertão Central, Inhamuns e Baixo
Jaguaribe. O município de Independência registrou o menor índice de
precipitação nessa região com 74,4 milímetros, contra 559,80 da média
histórica, significando 86,71% abaixo do normal para o período.
Conforme
Cláudia Rickes, a causa em geral da falta de chuva foi um conjunto de
condições desfavoráveis, como o resfriamento do Oceano Atlântico que não
favoreceu a formação de nuvens: "No Oceano Pacífico, a situação era de
La Nina, o que poderia indicar uma quadra chuvosa dentro da normalidade,
mas as outras situações como a do Atlântico não contribuíram".
Reservatórios
Em
abril deste ano, a situação dos reservatórios em todo o Estado "era
razoavelmente confortável" e sem problema para o abastecimento humano
conforme destacou, na época, o diretor de Operações da Companhia de
Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) Ricardo Adeodato.
No
entanto, a situação se agravou e causou colapso no abastecimento nos
municípios de Irauçuba, Itapajé, Milhã, Pacoti, Quiterianópolis,
Salitre, e nos distritos de Cruzeta, em Santa Cruz de Banabuiú, e
Sucesso, no município de Tamboril. Segundo o diretor de Operações da
Cogerh outros sete locais estão na eminência de entrar em situação de
colapso e mais 14 permanecem em alerta, no caso de as chuvas não
ocorrerem no próximo ano.
A média da capacidade nos reservatórios
monitorados pela Cogerh é atualmente de 51%. "No início do ano,
estávamos com 71,% e perdemos cerca de 20%, afirmou. Segundo Adeodato,
algumas bacias apresentam situação confortável, como a da Serra da
Ibiapaba, que está com 69%. Mas em outras, a situação chegou a níveis
críticos, como a do Sertão de Crateús, nos Inhamuns, com 20% e a Bacia
do Curu, com 24% (ver mapa).
De acordo com o Portal Hidrológico
do órgão, até o último dia 6, 53 açudes estavam com volume inferior a
30%. Na Bacia do Médio Jaguaribe, por exemplo, o açude Madeiro, no
Município de Pereiro estava com volume de apenas 4.66% e o açude Cupim,
em Independência, no Sertões de Crateús, estava com7.27%.
Safra - Além
do problema de abastecimento humano, a falta de chuvas causou ainda uma
perda de "safra generalizada" no Estado. De acordo com o secretário do
Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), Nelson Martins, o total de
perda, em média foi de 83% na agricultura de sequeiro, mas, em
Municípios como Solonópole e São João do Jaguaribe, o prejuízo foi de
100%.
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