“Não se pode dizer que a vida seja inútil só, Porque se acaba no túmulo”. (Campbell).
Miro-me no espelho e vejo que o tempo passou. Não reconheço mais a minha face. Lentamente, lembranças me levam ao tempo de menina. Queria logo crescer, tinha muita pressa.
Cresci, sofri, morri algumas vezes, renasci em momentos difíceis. Sei exatamente para onde o presente me leva, por isso, sinto medo. A região é escura, fria, nebulosa. Tenho sonhos que me ajudam a viver e, por tê-los, sinto inconfundivelmente o cheiro e o gosto do amanhã. Como quero viver!
Pela memória do passado, vejo que poderia ter vivido mais algumas coisas. Não quis me arriscar. Circunstâncias... São sempre elas que nos empurram em alguma direção. Nunca saberei o outro caminho, o desconhecido, o que ficou longe. Vivo a experiência da escolha e nesse processo, profundamente misterioso, mantenho meu entusiasmo na vontade de existir eternamente.
A aventura de viver exige disponibilidade. Quesito que me alegra e me fascina. Disponibilidade é poder olhar para o mundo, para as pessoas, para você mesmo. Sinto vontade de alcançar o amanhã e dizer, compulsivamente, em diferentes línguas, que eu amo a vida. O cheiro do dia que acorda é milagroso, pulsante, curativo.
Sigo o rumo do meu desejo e da minha emoção. Preciso desse impulso para chegar ao ‘rio da paz’. Lugar de repouso onde me despeço das angustias, do medo, da dor. Lugar sagrado – nosso interior – centro de serenidade que deve ser habitado e zelado. Enleada nessas divagações, volvo-me ao espelho, a imagem representada ali é apenas uma parte de mim. A outra (na forma de mulher) anda a procura da Canaã dos sonhos.
Socorro Pinheiro - Professora da Fecli/Uece
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