Trabalho é preventivo em áreas de risco que costumam inundar em eventuais chuvas fortes na próxima estação
Limoeiro do Norte. Aos poucos, o curso do Rio Jaguaribe, no trecho que percorre este município, tenderá a fluir normalmente. Isso porque associação de moradores, organização não governamental e poder público deram o primeiro passo para preservação do manancial. Reivindicação de moradores há anos, o Jaguaribe recebeu seus primeiros quilômetros de limpeza.
A primeira etapa do trabalho consiste na retirada de vegetação invasora do leito. A ação é uma antiga reivindicação das famílias residentes do bairro Ilha de Santa Terezinha, que sofre inundações durante o inverno fotos: Ellen Freitas
O trabalho terá pelo menos três etapas de realização. A primeira e mais difícil delas está sendo realizada desde o final do mês de novembro, que é a primeira parte da limpeza. Nesse primeiro momento toda vegetação invasora está sendo retirada por máquinas pesadas.
Uma das integrantes da Organização Não Governamental (ONG) S.O.S Jaguaribe, e atual coordenadora da Autarquia Municipal de Desenvolvimento Ambiental, Iolanda Freitas de Castro, conta que a tentativa de realizar a ação já vinha durando cinco anos.
"É um trabalho muito pesado, que requer máquinas para entrarem no rio e retirarem a mata invasora. Para tudo isto, precisávamos de apoio. Há cinco anos tínhamos esse plano, mas nunca conseguíamos colocá-lo em prática", relembra.
Em apoio conjunto com o poder público do município, associação de moradores, ONG e a iniciativa privada, no primeiro dia da ação, datada de 22 de novembro, seis máquinas estavam realizando os primeiros trabalhos no entorno do rio, próximo à passagem molhada que divide o Centro da cidade e o bairro Ilha de Santa Terezinha.
Além da vegetação invasora, foram retirados entulhos, e o excesso do lixo acumulado e jogado por populares durante anos.
O objetivo desta primeira etapa da limpeza é retirar a vegetação em boa parte do Rio Jaguaribe, que passa por dentro do município, totalizando 5km.
O trecho tem início na BR-116, na Ponte Fernandes Távora, até a foz do Rio Banabuiu, onde ele se encontra com o Jaguaribe, nas proximidades do bairro Luís Alves.
Até o momento, dois quiolômetros já foram limpos, mas o trabalho está parado. Segundo Iolanda, é necessária a chegada de uma máquina específica para adentrar nos locais mais difíceis.
Resíduos Após essa primeira etapa da limpeza, que consiste na retirada da mata invasora, será iniciado o trabalho de retirada do lixo.
"Como havia muito mato, nós precisamos primeiramente identificar os locais utilizados por populares para o descarte inadequado do lixo. Em conversa com moradores da própria comunidade, pudemos identificar alguns locais", relata Iolanda.
A coordenadora deixa claro que os organizadores da ação, a ONG S.O.S Jaguaribe, não possuem autorização da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) para intervir no leito do rio. O trabalho é todo realizado em suas margens. "Além disso, ressaltamos também que toda a vegetação ciliar ao longo do rio foi preservada, de modo a proteger o leito do Jaguaribe", enfatiza.
O projeto de limpeza também requer inúmeras outras ações. A educação ambiental é a principal para envolver a comunidade no trabalho de proteção daquele manancial.
Para o jardineiro e morador do bairro Ilha de Santa Terezinha, José Gomes Ferreira, ver as novas paisagens da comunidade tem sido uma satisfação para todos os moradores.
"Ainda lembro, há 30 anos atrás, como era esse rio. Era lindo, as margens eram bem mais largas, a água corria fácil, o banho era bom. Hoje, não podemos dizer que temos mais o Rio Jaguaribe, ele foi muito castigado ao longo dos anos pelo lixo e pelos entulhos, o mato cobriu tudo, mas ainda precisa de muito trabalho pra ele voltar a ser como antes", conta o morador.
Ele culpa a falta de consciência da população pela situação atual de degradação. "Isso é falta de compreensão das pessoas de que isso não pode ser feito, não se pode jogar nada no rio. Não só a falta de compreensão, mas aqueles que têm de colocar isso em prática. Espero poder ter vida para um dia ver de novo aquele rio que tínhamos", lamenta Ferreira.
Cheias A comunidade de Ilha de Santa Terezinha costuma sofrer em épocas de cheia no Rio Jaguaribe, pelo fato dela estar cercada de água. Além do Jaguaribe, o Rio Banabuiú também está em volta da comunidade, formando uma verdadeira Ilha.
"No ano de 2009, teve a última cheia e ninguém conseguia ficar aqui", conta Luiza Gomes. De acordo com ela, em alguns trechos do bairro, quando havia cheia, o rio jogava todo o lixo pra fora, devolvendo para as pessoas o que por elas foram jogadas nele. "A água também levava muito desse lixo rio abaixo, e o que vinha de cima passava por aqui também", relata a moradora. A Autarquia de Meio Ambiente do município orienta para que moradores denunciem ações criminosas de poluição no entorno do rio, através dos telefones do departamento.
ELLEN FREITAS COLABORADORA
Mais informações Autarquia Municipal de Desenvolvimento Ambiental de Limoeiro do Norte
Rua Coronel José Nunes, 953 Centro - (88) 9922 0948
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"Ainda tem que ser feita muita coisa pra gente voltar a ter o Rio Jaguaribe que tínhamos antes. Além disso, as pessoas também precisam se conscientizar da importância de cuidar dele" José Gomes Ferreira Morador da Comunidade de Ilha
"Há cinco anos planejávamos essa ação de limpeza do rio, e com o apoio que recebemos agora, esperamos realizar todo o projeto de preservação e proteção do Jaguaribe" Iolanda Freitas de Castro Coord. da Autarquia de Desenv. Ambiental
Fonte: Diário do Nordeste.
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