Tarsia Gonzalez fala sobre sua experiência em um mundo corporativo tão masculino.
Mesmo tendo uma personalidade forte e ter enfrentado desafios desde muito cedo, meu brilho feminino me acompanha por onde vá e me faz pensar: por que é tão difícil ser mulher no mundo corporativo? Eu quero fazer a diferença e ajudar mulheres a entender seu valor.
Mesmo tendo uma personalidade forte e ter enfrentado desafios desde muito cedo, meu brilho feminino me acompanha por onde vá e me faz pensar: por que é tão difícil ser mulher no mundo corporativo? Eu quero fazer a diferença e ajudar mulheres a entender seu valor.
Eu nunca senti muita diferença convivendo entre meus irmãos, e depois, em uma empresa quase que 100% masculina. Sempre tive igualdade de condições, talvez pela forma como fui criada ou pela minha própria personalidade.
Sempre vivi irresponsavelmente, como normalmente acontece com os homens. Na minha família, nunca tive homens protetores e cresci tendo que fazer a minha parte, porque logo cedo descobri que nunca teria uma vida de princesinha. Aprendi a jogar bola, a descer a rua de carrinho de rolimã e a andar de bicicleta com os meninos. Subia no telhado, no pé de jabuticaba e tinha poucas meninas no bairro. Mas, quando chegava em casa, gostava de brincar de casinha e de me maquiar.
Sempre fui irreverente e, desde pequena, aprendi a dizer e a lutar pelo que eu queria. Dessa forma, não sentia diferença no tratamento por parte do meu pai ou dentro da família. Entretanto, quando comecei a trabalhar de verdade nesse universo masculino das empresas, apesar de me sair bem das situações, comecei a perceber claramente as injustiças que existem.
Diferenças salariais, deboches desnecessários. Mesmo sendo filha do dono, muitas vezes escutei o que não queria. Até os caminhoneiros mais antigos me tratavam com desdém por eu ser mulher. Meu pai nunca me defendeu, nem mesmo meus irmãos e, ao invés de chorar em cada situação inadequada, fui crescendo na "porrada" e sobrevivi, cada vez mais forte. Mas penso em quantas mulheres acabaram retraídas ou desistindo, porque a pressão é realmente grande.
Mesmo vivendo em um mundo 100% masculino e sendo, às vezes, hostilizada, nunca perdi minha doçura e meu coração maternal. Queria sempre cuidar de quem realmente precisasse e o fazia por instinto. Isso tem um lado bom, porque consegui, com meu jeito, criar alternativas para ir vencendo as barreiras e conquistando meu espaço. Porém, o reconhecimento real nunca chegava.
Tive de brigar muito por meus direitos e, para buscar agregar valor, minha única saída era o conhecimento. Estudar, estudar e ainda achar que nada sei. Falar do passado me faz recordar de inúmeras situações desagradáveis que vivenciei durante minha carreira, por ser mulher. Mas falar do presente me mostra o quanto valeu a pena lutar e hoje, aos 47 anos, ser referência para tantas mulheres e homens em todo Brasil.
Essa semana, fui questionada sobre meu real propósito, e minha resposta foi “fazer diferença na vida de todas as pessoas que passarem por mim”. Mas agora, na antevéspera do Dia Internacional da Mulher, pensando melhor, quero encorajar e empoderar mulheres desse nosso Brasil. Ter a oportunidade de contar um pouco da minha vida como executiva, filha, mãe, mulher, esposa e, quem sabe, de alguma forma, ser incentivadora de todas as mulheres. Mostra, com minha própria história, que vale a pena lutar. 08.03.2017. Dia da Mulher, mês da mulher, ano da Mulher.
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Foto de Christoph Reher
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Fonte: Tarsia Gonzalez.
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