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terça-feira, 5 de maio de 2020

EXERCE EM SOLONOPOLE Formado há 22 dias, médico que atua com infectados por Covid-19 no Ceará deixa casa dos pais para evitar contágio

Profissional é um dos alunos que pediu antecipação da formatura para trabalhar no enfrentamento ao novo coronavírus no Ceará.

Quando optou por cursar Medicina, Alberto Leitão, de 26 anos, não imaginava que iria concluir a graduação em meio a uma crise sanitária de saúde. Por causa da pandemia do novo coronavírus, ele entrou no grupo de 82 estudantes da área da saúde da Universidade de Fortaleza que pediram antecipação da formatura.

A colação em caráter especial aconteceu no dia 14 de abril. Em menos de 15 dias, o médico recém-formado atua em unidades na Capital e no município cearense de Solonópole, distante 277 quilômetros de Fortaleza. Pelo bem da família e para evitar a transmissão da doença, Alberto precisou alugar um apartamento e abrir mão da própria casa.
Alberto Leitão mudou-se para um apartamento alugado com o intuito de não levar contaminação para a família — Foto: Arquivo pessoal.

“Dá até um nó na garganta quando falo sobre isso, porque domingo agora foi a última vez que tive contato com meus pais e minha irmã de sete anos. Não sei quando isso vai se resolver, por isso, achei melhor alugar um apartamento com outras três colegas que também estão trabalhando na linha de frente”, explica.

Ao se despedir dos familiares, Alberto viajou para Solonópole, onde atua desde o mês passado. Lá, ele dá plantão de 24 horas no hospital municipal e nos outros três dias, atende por oito horas no posto de saúde. Quando cumpre a jornada na cidade, ele volta a Fortaleza, para o expediente nas Unidades de Pronto Atendimento (Upas).

Dessa vez, porém, o médico seguirá para o imóvel alugado. A saudade de casa, ele diz, será “inevitável”, mas entende que foi uma medida acertada. “Foi uma decisão de autocuidado, mas foi também muito maior de cuidado com os meus pais, porque minha mãe tem obesidade, e o meu pai, hipertensão”, indica.

O Ceará ultrapassou as 700 mortes por Covid-19 e já atinge 11 mil casos da doença. Os números atualizados às 21h18 desta segunda-feira (4) mostram 732 óbitos e 11.142 diagnósticos positivos. São 55 mortes a mais e 2.763 casos a mais que os registrados nesse domingo (4). Também aumentou o número de municípios com contaminações, passando de 151 para 163.

Fortaleza, epicentro da contaminação pelo vírus no estado, também registra novo recorde de casos e óbitos, com 8.274 diagnósticos e 567 mortes em decorrência da Covid-19.

Sonho adiado - Por causa da pandemia, Alberto precisou adiar o plano de fazer especialização em anestesiologia. “Vou atrasar esse sonho para o próximo ano”. Enquanto isso, ele afirma que continuará se dividindo entre a Capital e o Interior do Estado prestando assistência a pacientes infectados pelo coronavírus.

“Fiquei assustado com essa ideia no início, porque há muitos casos confirmados da Covid-19, mas também estou atendendo muita gente com crise de ansiedade na emergência. Eles se mostram preocupados com a doença. E em Fortaleza, as Upas estão lotadas”, analisa.

Dinâmica - a mesma turma de Alberto, Daniel Cardoso, 23, também antecipou a formatura para atuar no enfrentamento ao novo coronavírus. Ele começou a trabalhar no Hospital Leonardo da Vinci, unidade da rede particular que foi requerida pelo Governo do Estado para admitir pacientes diagnosticados com a Covid-19, cerca de duas semanas após receber o certificado de conclusão de curso.

O médico confessa que a rotina tem sido “exaustiva” por conta da demanda de atendimentos."Se torna cansativo também porque a equipe preza muito pelos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), então não se pode desperdiçar. No momento que a gente chega e coloca os EPIs, passa, pelo menos, seis horas com eles".

Para economizar os itens de segurança, "a gente não pode beber água e nem ir ao banheiro", conta o jovem. Em meio a rotina extenuante de trabalho, há ainda o temor de ser contaminado. “Esse risco deixa a gente com medo, mas é preciso dar a assistência”, admite.

Ainda segundo o médico, que deseja ser cirurgião, a recompensa da conduta a cada plantão de 12 horas é atestar que os cuidados ajudaram na reversão da condição dos pacientes. "Uma das melhores sensações é a gratidão deles. Isso a gente vê demais, principalmente nesse momento, que eles estão debilitados e ansiosos. Cada alta que a gente consegue dar no hospital, é um sentimento indescritível, de muito prazer e isso dá vontade de se capacitar cada vez mais".
Por Felipe Mesquita, G1 CE. Leia mais.

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